Medicalização da Educação e do Ensino
Esta foi a ideia chave da comunicação de Rosa Nunes, professora universitária, na conferência que aconteceu esta terça-feira, 21 de fevereiro, na Escola Superior de Saúde do Alcoitão.
“Medicalização do Ensino” foi o quarto tema de um ciclo de conferências, organizado pelo Departamento de Política e Trabalho Social, da Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSA). O encontro que decorreu esta terça-feira, 21 de fevereiro, teve como oradora convidada Rosa Nunes, professora e investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
A iniciativa contou com as presenças da administradora da Saúde da Misericórdia de Lisboa, Helena Lopes da Costa, do diretor da Escola Superior de Saúde do Alcoitão, Rui Ribeiro, e da subdiretora da referida instituição de ensino superior, Maria de São José Louro. De salientar a significativa participação da comunidade académica, de profissionais da Santa Casa e de entidades parceiras, configurando ao debate e à reflexão excelência e interesse.
Maria da Luz Cabral, coordenadora do Departamento de Política e Trabalho Social, distinguiu, agraciada, a presença de Rosa Nunes, que também é membro da Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.
“Avolumam-se hoje as preocupações com o retorno e intensificação de uma visão biologicista e geneticista da educação, iludindo as dificuldades em responder educativamente às exigências de uma escola democrática”, começou por dizer a oradora.
“Nesta epidemia de diagnósticos, na confusão entre prevenção e predição, quem não se enquadrar em rígidos padrões e normas induzidos pela arquitetura quantitativista e condutivista de instrumentos cuja construção e linguagem pseudocientífica mascara uma ideologia de homogeneização e de controlo”, tem a esperá-lo a condição de doente e a consequente prescrição terapêutica”, continuou Rosa Nunes. Esta condição, tantas vezes traduzida no abuso de psicotrópicos, tem “consequências”, cujos dados “estamos muito longe de ter para avaliar na sua profundidade e complexidade”, concluiu a oradora convidada.
No final da palestra, Rosa Nunes salientou a importância da Educação verdadeiramente inclusiva, que potencialize a sua característica sistémica e permita um diálogo intersetorial, multidisciplinar e interdisciplinar.
23 de fevereiro de 2017